Quando uma mulher se solta,
e aos seus cabelos longos,
algo acontece de se ver.
De se ver, não de se tocar.
É que o mundo se acende no ato,
e, luminescentemente, clareia,
aplacando-se à qualquer cizânia,
quando a Penélope se penteia.
Dá-nos a vida um fugaz momento,
no vislumbrar da mulher
aos aprontos para o adormecer.
Não é o corpo, receptor de todo engano,
nem a noite, suave fim da chegança,
mas, sim, o gesto da mulher ao toucador,
um dar de mãos displicente, lânguido e lancetador,
deslizando seus dedos pelas melenas.
Este sim é um sublime alumbramento
que nos conduz à idéia de perfeição,
à qual costumamos olvidar.
domingo, setembro 17, 2006
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Um comentário:
Lindo, este 'Espelho do Toucador'...é um ritual que, acredito, muitas mulheres ao exercitar, olham-se, não para o espelho, mas, através dele...eu mesma, nas intermináveis escovadelas em meus longos cabelos, muitas vezes, olhei-me no espelho, como a Penélope descrita em teu poema, e te digo, sempre me perguntei, pelo que espero...há um Ulisses em algum lugar...ou espero por uma compensação pela ausência...Gosto de como escreves acerca dos sentimentos. Admiro isto em você, és um poeta muito talentoso. Parabéns!
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