segunda-feira, outubro 02, 2006

OFICIO DE VIVER

A disposição dos espaços,
O burburinho ativo
Das borboletas corais,
O paciente trabalho dos besouros,
Que a lenha vão roendo aos nacos.
Pelas servidões, nos caminhos,
Nas aleas aceradas, pelas relvas,
Sorvem os passarinhos
Para o seu canto matinal,
As gotas de orvalho,
Reminiscências da noite.
O filhote gorjeia no ninho
No alto de um pé de pau.
Um balido gesto, seja, um ato,
Introduzindo na cena diária,
O princípio do entardecer,
Pela sinfonia gutural dos insetos,
Grilos e cigarras, para ser exato.
Ao céu, corta-lhe o vôo planador
Da seriema, olhos de lince,
Caçando a cobra buraqueira.
No longe, as crianças brincando
E celebrando a vida inteira.
E o dia, então se exerce
De um modo pluriforme,
Sob o impacto da perfeição
Daquele único momento.
Não há tragédias, nem dor,
Também não há crueldade,
Nem anulação dos sentimentos,
Nesta forma do natural desdobrar
Seu destino de ocorrências.
Dado fosse ao homem
A virtude alcançar, em
Seu ofício de viver,
Fincaria, este, seus pés no barro,
Deixando a vida acontecer.

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