domingo, outubro 01, 2006

A IBIS

Porquanto não sou um semideus,
simples homem sou,
e com toda falha.

Meu corpo, vagando, vai sem rumo,
para a prova se aprumando.
Com arpejo e linimento,
fui subir o Monte Olímpo,
e, desde a cimeira nevada,
conduzi meu pensamento,
para o vazião, pra o nada.

Efetivei o tento e quedei-me exausto,
muito embora, a tempo, cavo,
e já, em plenitude.

Mortal, retomei a carcaça rude,
para, num canto pagão,
tecer loas à humanidade.

Súbito, na flor da pele,
pude sentir o ciúme
das sensuais deusas helênicas.

Derrotado, acedi ao enlaces
destes amores, mesmo
temendo os ardores
do fogo ativo do Hades.
Foi prazer de trovoada,
o estar assim com tais musas.

Sei que, no êxtase apurei
e pude ouvir o mavioso
canto da Ave-Ibis,
quando, ao romper-se
o audível himem da Aurora.
Por leito, extasiado, tomei os contrafortes
das serras, quando todo o céu se avermelhou.

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