domingo, outubro 08, 2006

OS BEIJOS, NEM ASSIM TÃO ALVOS

Os beijos?
quero-os todos.
Os que são de prata,
os que são beijos nobres,
aqueles, quase pobres
e os que rolam suaves,
como devem, sob a libido diamante.

Os beijos disparam
águas canoras nos rios,
fluem dos corpos no cio,
em cânticos dissonantes.

Beijos apurados, pavios,
tonitruantes e sem pruridos.
Um beijo que me leve
e um que é leve e elegante.
Que me roube o medo da morte
e tire do orvalho toda a purga
para os almejados semeares.

Um beijo de língua, natural,
que interne o alvitre no corpo
da mulher amada, e após,
a lance em perdidas clareiras na selva,
para que o lábio que se encaixa
lhe abra a fome irrecorrível
e as pernas, onde que, inteira,
entrega-se na bela alcova de relva.

É uma arte, esta, do gozo da mulher.
Cena hendonista para ser
tomada em celulóide, e
fique eternizada a imagem poética.

Só um osculo, interminável
beijo roubado a Capitu.
Um beijo que mia,
a melopéia do ano,
como estrofe de sinfonia,
Oscar de trilha em Hollywood,
um felino, beijo bichano.

Que saudade daquele beijo vão
que ateou chamas à cidadela,
qual um Nero, disparatado, algures,
tesão batendo asas no céu
em direção ao acido desfrute,
à crepitar no fogo pagão.

Um beijo de Judas,
beijo de mulher dama
do cão, beijo de musa e
do esquecimento.
Ou, um beijo poema, destes
que não se comparam
com qualquer figura plácida
em hiperbólica contemplação.

Versos/beijos, varando a pele fina da noite.
Tenho meus versos tão grávidos de desvario,
que acendem e iluminam de azul
com os orgasmos, os archotes em
uma taverna onde se toca blues,
aqui ou em New York,
ou, os lampiões nas esquinas
das ruas tão ermas deste bairro.

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