quarta-feira, fevereiro 28, 2007

ANJO ERRANTE

Dirte-ei: Sou o anjo errante
Que nos vales da vida vagueia
Arrastando sua mesma sombra
Ao sabor das sombras alheias.
Com as mesmas asas dobradas
Em cruz sobre o peito arfante
Sigo pela noite anjo insone
Incapaz de prover um milagre
Ido de pouso em pouso
Algo delirante e exposto
À luz de uma lua sombria.
Vago tonto condenado eternamente
Nas hordas celestiais o meu nome
Não se fala este já defenestrado.
O Deus que me sentencia
A estar assim exilado
Estando por certo ocupado
Quem sabe eu não te convido
A desfrutares comigo
Deste encontro inusitado?
Imposto me foi não ter um amor
Que seja vitimado a viver sozinho
E nem sequer me permitem
Encontrar para o corpo o repouso.
Mas se quiserdes cear amiga
Sentemo-nos no prado verde.
Ainda tenho um naco de pão
Duas maçãs tão cheirosas
Uma botija de vinho
E de ancestral esta sede.

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