domingo, março 18, 2007

CANTORIA


Cantai. Nada me apressa mais.
Não me inquieta não ter para onde ir.
As frases não ditas,
Caíram-se como almas feitas una,
Sementes ao solo, novel verdejar,
Ecoando anosos desejos,
Como jardins à florir.

Cantai os delírios, poeta.
Cantai numa opera de gestos,
Os hinos célticos, cantai,
Tecei loas à deusa fortuna.

Os pássaros,
Que sobre os pomares, dançam
Ao vento elisio,
Que estirpem do teu peito,
O desatino.

O presente momento,
Dedica-o aos deuses, à Dionísio,
Que ainda haverá de vir, pois o amor
É como o vinho, sempre prevalece
E faz-nos espelhos da eternidade,
Nunca te abandona, nunca te esquece,
Num constante fluido a renascer.

E renasces no ruído da água,
Na alegria de um menino,
Nas épicas lembranças lusíadas,
Da batalha de Alcacer-kibir.

Cada homem, no mundo,
Como Dom Sebastião, o infante,
É mó solitaria, rodando alhures,
Em roda do proprio pino.
E, mesmo sem se dar conta,
Faz mover os moinhos de sonhos,
Nos monjolos, a agua à correr constante,
Faz no tear da vida, urdiduras
Do seu proprio destino.

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