Amor sem rumo
No céu da boca, o meu desejo.
Em Mar Del Plata, da-me um beijo.
Verso & prosa. Dance um tango.
Num mar de rosas, eu quero te-la.
Seja assim, seja como for
mas seja somente tu
o meu amor.
Céu aberto em chão de estrelas.
Siderada, perdida e de todo incerta...
a corveta esbelta trafega o pélago
luar azul na noite, vagas infensas
tenaz como o holandês voador
rumando à estrela do pólo sul.
sábado, dezembro 01, 2007
terça-feira, março 27, 2007
POEMA TÉDIO
A minha poesia não tem cor, branca como eu
que é, exangue. Melhor mata-la com um tiro
de misericórdia, que vê-la perder-se num
poço sem fundo, procurando o senso médio.
A poesia que farei, daqui por diante,
não revelará, profundo, como o Chico Buarque,
o ente lírico de todas as mulheres do mundo.
Também não buscará rimar amor e dor.
Que asco! Deixará em paz a flor e o vernáculo.
Fartas doses de um tédio,
viscoso e inebriante,
não mais servirá à leitores condescendentes.
Anseio pela noite negra, sem cor.
Ao blackisbeautifful do mangue beat,
quero a cor inexistente da tarde,
o lapso da memnesis ardente.
Drummondianamente, as pedras no caminho
quero ver, para na retina, às reter e evitar o tropeço.
Quero a paz dos cemitérios e a dos sobreviventes.
Um poema roto, para o fim do planeta.
Nenhum para o seu recomeço.
Ai! Já me cansei de mistérios. Não quero mais
o cardo tema, senão o coração rubro pulsante,
traspassado por medieval lança,
ficando expostas as coronárias azuis.
Sem cateterismos literários,
não quero submergir na lambança
das emoções comuns, e emergir
ao soro de veias abertas na ácida madrugada.
O meu poema, que siga-me, à revolver
o solo com as mãos, a sentir o cheiro
úmido da terra, tendo a morte por espectro amigo.
Siga-me à perseguir, como poeta, a calma,
pois, já não consigo coisas,
alem da petulância de um oceano irredento,
e nem surpresas, alem do meu preciso plano,
de plantar Caju e Lima da Pérsia,
ou belas arvores florais num terreno
da Região dos Lagos, para que me ajudem
a colorir o cenário, enquanto os astronautas
dominam as estrelas do céu.
que é, exangue. Melhor mata-la com um tiro
de misericórdia, que vê-la perder-se num
poço sem fundo, procurando o senso médio.
A poesia que farei, daqui por diante,
não revelará, profundo, como o Chico Buarque,
o ente lírico de todas as mulheres do mundo.
Também não buscará rimar amor e dor.
Que asco! Deixará em paz a flor e o vernáculo.
Fartas doses de um tédio,
viscoso e inebriante,
não mais servirá à leitores condescendentes.
Anseio pela noite negra, sem cor.
Ao blackisbeautifful do mangue beat,
quero a cor inexistente da tarde,
o lapso da memnesis ardente.
Drummondianamente, as pedras no caminho
quero ver, para na retina, às reter e evitar o tropeço.
Quero a paz dos cemitérios e a dos sobreviventes.
Um poema roto, para o fim do planeta.
Nenhum para o seu recomeço.
Ai! Já me cansei de mistérios. Não quero mais
o cardo tema, senão o coração rubro pulsante,
traspassado por medieval lança,
ficando expostas as coronárias azuis.
Sem cateterismos literários,
não quero submergir na lambança
das emoções comuns, e emergir
ao soro de veias abertas na ácida madrugada.
O meu poema, que siga-me, à revolver
o solo com as mãos, a sentir o cheiro
úmido da terra, tendo a morte por espectro amigo.
Siga-me à perseguir, como poeta, a calma,
pois, já não consigo coisas,
alem da petulância de um oceano irredento,
e nem surpresas, alem do meu preciso plano,
de plantar Caju e Lima da Pérsia,
ou belas arvores florais num terreno
da Região dos Lagos, para que me ajudem
a colorir o cenário, enquanto os astronautas
dominam as estrelas do céu.
domingo, março 18, 2007
CANTORIA
Cantai. Nada me apressa mais.
Não me inquieta não ter para onde ir.
As frases não ditas,
Caíram-se como almas feitas una,
Sementes ao solo, novel verdejar,
Ecoando anosos desejos,
Como jardins à florir.
Cantai os delírios, poeta.
Cantai numa opera de gestos,
Os hinos célticos, cantai,
Tecei loas à deusa fortuna.
Os pássaros,
Que sobre os pomares, dançam
Ao vento elisio,
Que estirpem do teu peito,
O desatino.
O presente momento,
Dedica-o aos deuses, à Dionísio,
Que ainda haverá de vir, pois o amor
É como o vinho, sempre prevalece
E faz-nos espelhos da eternidade,
Nunca te abandona, nunca te esquece,
Num constante fluido a renascer.
E renasces no ruído da água,
Na alegria de um menino,
Nas épicas lembranças lusíadas,
Da batalha de Alcacer-kibir.
Cada homem, no mundo,
Não me inquieta não ter para onde ir.
As frases não ditas,
Caíram-se como almas feitas una,
Sementes ao solo, novel verdejar,
Ecoando anosos desejos,
Como jardins à florir.
Cantai os delírios, poeta.
Cantai numa opera de gestos,
Os hinos célticos, cantai,
Tecei loas à deusa fortuna.
Os pássaros,
Que sobre os pomares, dançam
Ao vento elisio,
Que estirpem do teu peito,
O desatino.
O presente momento,
Dedica-o aos deuses, à Dionísio,
Que ainda haverá de vir, pois o amor
É como o vinho, sempre prevalece
E faz-nos espelhos da eternidade,
Nunca te abandona, nunca te esquece,
Num constante fluido a renascer.
E renasces no ruído da água,
Na alegria de um menino,
Nas épicas lembranças lusíadas,
Da batalha de Alcacer-kibir.
Cada homem, no mundo,
Como Dom Sebastião, o infante,
É mó solitaria, rodando alhures,
Em roda do proprio pino.
E, mesmo sem se dar conta,
Faz mover os moinhos de sonhos,
Nos monjolos, a agua à correr constante,
Faz no tear da vida, urdiduras
Do seu proprio destino.
segunda-feira, março 12, 2007
O BARQUEIRO DO AQUERONTE
Prisioneiro sou de um prisma celeste
qual folha forra desprezada e inservível
a planar alçando a boreste.
Se de antanho me haviam por belo e galante
com a Estrela da Manhã encimando o meu norte
e quando voava então
asas triunfantes
vejo-me agora precipitado direto ao Hades.
Vou sem freio que me conteste.
Sou palha e mais que palha esquecimento
sigo etéreo ao sabor de toda sorte.
Para o cruzar do rio
cabal espero o barqueiro
à findar-se a travessia
alcançando momento derradeiro.
E só não seguirei tão sózinho
porquanto ainda como alento
me acompanhe a poesia
qual folha forra desprezada e inservível
a planar alçando a boreste.
Se de antanho me haviam por belo e galante
com a Estrela da Manhã encimando o meu norte
e quando voava então
asas triunfantes
vejo-me agora precipitado direto ao Hades.
Vou sem freio que me conteste.
Sou palha e mais que palha esquecimento
sigo etéreo ao sabor de toda sorte.
Para o cruzar do rio
cabal espero o barqueiro
à findar-se a travessia
alcançando momento derradeiro.
E só não seguirei tão sózinho
porquanto ainda como alento
me acompanhe a poesia
quarta-feira, março 07, 2007
A ULTIMA VEZ EM QUE FALO SOBRE A LUA
“Do luar, acho que já não
há mais nada a dizer”.
Gilberto Gil
Porque pode tanto, a lua, medievo satélite
Do eterno espanto, todo engano ainda,
Se já lhes sabemos os segredos,
Debelamos nossas ilusões, palmilhamos o vazião
De seu corpo celeste e cinza, medindo-lhe o tamanho
E o tamanho de nossos medos, que nas sombras
De tua luz, aprendemos a dominar.
O que mais nos ensina a lua, que as áridas
E entranhadas pedras do João Cabral,
Não nos puderam ensinar?
Se o homem, profanador por princípio, já conspurcou
O teu chão arenoso, Oh, lua, explorou precipícios,
Recolheu teus rochedos, fincou-lhe a bandeira imperialista,
Imitou teus cenários na desolação dos desertos
Geopolíticos e interiores, porque ainda fascinas?
Porque há, ainda, os que sob luz vermelha
Do teu luar eclipsado, poluído, teimam em se apaixonar?
Ou será que mentimos, os corações amantes,
Que Já para mais nada, acendem-se (tudo se esquece),
Nestes tempos de simulacro existencial.
O que dirá, se atinar para que se faça lua, ou reine
O profundo breu. O negrume intenso do nada,
De nada que oriente o eu-poético, quando o amor
De agora, só vale, prosaico, pelo que se
Recompense em sonida espécie.
A lua, já não nos ensina nada.
Mas, de lá, da solidão de seu limbo,
Nua e crua lua, um dia, o cosmonauta russo
Iuri Gagarin, estancou a Guerra fria, e falou:
“A terra, quando vista de cima, azula-se,
E, como anil, ela fica”. E era poesia, não era chiste.
Sobre a tal lua, planetóide passivo, o qual não se sabe ver,
São desde os primórdios, os mesmos sentires.
Hoje, por difícil o signo dos humanos momentos,
O amor-sentimento (como a pedra, como o sertão,
Como a verdade) não se explica, não serve mais
Para nada, vivendo na contramão. Apenas sei que ele
(como a lua) existe, e ainda alumia o viver.
domingo, março 04, 2007
POEMA PROSA DA FLOR FORMOSA
Quando a rosa amena,
se encontra com a azálea,
chora em seu ombro, à soluçar,
a flor poema.
Com intensidade, chora sentida,
e desencantada. Inveja a vida,
que se espraia livre,
da margarida, às margens de estradas infindas.
Inveja todas as flores, as mirradas e as feias,
as pluriformes, inominadas, marias sem-vergonha,
ou, mesmo, as francas orquídeas, tão lindas.Que benção, então, seria (pensa a rosa),
não ter o peso de tal beleza.
E, que não existissem amantes ou os poetas,
que lhe quisessem atribuir alguma precisa serventia,para as inefáveis artes da humana sedução:
"De que vale ser, assim, tão bela, como sou,
se permaneço escrava desta inata condição".
MITOLOGIAS PATRIAS
Libertas, quae sera dia
O teu desejo
Inda que obscuro.
As quimeras
De teu quarto escuro
Vão devorar-te
Na Nova Acrópole
Da devassidão.
Nas tórridas terras brasilis
Do caju e da floresta sem fim
Imersas na bruma malsã
Iara e Janaína te convidam
Para um trotoir.
Vai junto o Caipora, tocando a flauta de Pã.
O lobo Guará e o tamanduá
De desfraldadas bandeiras.
O jacarandá e o pé de feijão.
Mitos, tesão e letargia, os bens do Brasil são.
CINZA INTERIOR
A Ferreira Gullar
A casa é presença
chão com falhas que esconde
o cisco de ovo não varrido.
A casa recende à café da manhã
e a outros cheiros de um dia
começando, misturado
aos ficados da noite.
A casa é o trabalho dos anos
a oclusão de cantos
a ruminação dos insetos.
A casa é o vento da tarde.
É a espera pela chuva, para o viver do telhado.
A casa é a saudade. É o beiral de abrigar ninhos
algaravia das andorinhas. Amor de pai/prontidão
de filho, promessas da eternidade.
A casa é vinho do porto, acalentando a noite fria.
É noite de amor lúbrico. A casa é choro de criança.
Lugar de morte e vigília.
A casa é a casa da fazenda, avistando da varanda
os pastos no vale umbrífero, lá no longe da memória.
A casa é útero ubérrimo à parir aconchegos
e a preguiça doce de ser.
A casa é presença
chão com falhas que esconde
o cisco de ovo não varrido.
A casa recende à café da manhã
e a outros cheiros de um dia
começando, misturado
aos ficados da noite.
A casa é o trabalho dos anos
a oclusão de cantos
a ruminação dos insetos.
A casa é o vento da tarde.
É a espera pela chuva, para o viver do telhado.
A casa é a saudade. É o beiral de abrigar ninhos
algaravia das andorinhas. Amor de pai/prontidão
de filho, promessas da eternidade.
A casa é vinho do porto, acalentando a noite fria.
É noite de amor lúbrico. A casa é choro de criança.
Lugar de morte e vigília.
A casa é a casa da fazenda, avistando da varanda
os pastos no vale umbrífero, lá no longe da memória.
A casa é útero ubérrimo à parir aconchegos
e a preguiça doce de ser.
quinta-feira, março 01, 2007
BRINCANTE
mal terminada aquela chuva
que à semanas castigava
andou em cabriolas pela calçada da rua
e a cada mocinha que encontrava
dizia que esta era a sua
namorada tão ladino em constante gargalhada
que a cidade veio ver quem fazia a palhaçada
chapinhado poças d´agua
nas esquinas e dizendo tais gracejos as meninas
veio de lá o prefeito veio o padre e o cachorro
do delegado ao notário os imortais da academia
que trouxeram o abecedário
veio gente de todo lado
e todos num amontoado sem nexo
com cara de espanto em vetusta multidão
boquiabertos perplexos ali ali
adiante o astro sol brincando brilhando
pulando as pocinhas do chão.
que à semanas castigava
andou em cabriolas pela calçada da rua
e a cada mocinha que encontrava
dizia que esta era a sua
namorada tão ladino em constante gargalhada
que a cidade veio ver quem fazia a palhaçada
chapinhado poças d´agua
nas esquinas e dizendo tais gracejos as meninas
veio de lá o prefeito veio o padre e o cachorro
do delegado ao notário os imortais da academia
que trouxeram o abecedário
veio gente de todo lado
e todos num amontoado sem nexo
com cara de espanto em vetusta multidão
boquiabertos perplexos ali ali
adiante o astro sol brincando brilhando
pulando as pocinhas do chão.
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