segunda-feira, novembro 06, 2006

SONETO DO LAGO ESPECTRAL

Extenuado, buscava o descanso, a paz e a meditação
Para obrar poemas em bucólico remanso, bem ermo da cidade.
Fui parar em terra (depois o soube) de ancestral assombração
Frente a qual, pouca monta faria a urbana veleidade.

Já que ali me encontrava, melhor seria a prontidão
Deste meu torto espírito, nada afeito à deidade.
Ter em minha mente, toda a luz, mero regalo vão.
O ceticismo é sem valia, mais que a crente simplicidade.

Chegando à Casa do Lago, miríades de insetos flamejantes
Reluziam em nevoa, imersos, como em velhos pântanos da Escócia.
Vi entes fantasmáticos, tambourilos secos ouvi, e mais, silvos ciciantes.

A noite já ia densa e os sapos alardeavam os encontros espectrais,
Tanto que furtou-se-me o sono pois em vigília, no frigir desta algazarra
O medo tão só me alentava o estar vivo na aurora, ademais.

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