quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A MULHER DO QUARTO BRANCO



Recordo quando mirava
em abandono e transe místico
teu corpo nu, puro e branco
como a beleza simples de um vôo
definitivo como a evidência da partida.

Por alguns segundos, eras a aparição
da virgem, com os pêlos à mostra
de tez tão clara, com tão intensa fugacidade
que num sopro explodias, divinal melancolia
teu orgasmo sobre a noite
reacendendo o fulgor de um pleno dia.

Como rememorar este teu corpo
lânguido e pecaminoso?
Como olvidar o teu pranto
que nos devolvia a brisa
pelas artes de uma oração
à tarde quente?

Lembro-te como um vento brando
viração, aragem, fazendo fremer
de maleita santa as imposturas
de minha lasciva carne
minha alma perdida
e os objetos
de teu quarto branco.

Um comentário:

Bruno Pira disse...

adorei essa poesia.
ainda estou lendo as outras e ja ja falo o que achei.

mas "quarto branco" é muito intensa.
parabéns.