segunda-feira, fevereiro 19, 2007

SONETO DA SOLIDÃO NOTURNA

Se de um pé após o outro, em sucedâneo
Indago à que lonjuras me levam, noite escura
Passos hesitantes, infante cruzando linhas
Que do Atlântico seguem ao Mediterrâneo.

No roteiro desta servidão em que navego
Em que porto? Qual chegada a que se alcança?
Suster a infinitésima partícula de esperança
De que se aproxima o fim, interminável desterro.

Em desapego, inseguro e assim sozinho
Sem Vivaldi a socorre-me entre as Estações
Sequer viv´alma soando música no caminho.

Na derrota deste meu desiderato, seguiria em frente
Na insone noite, não deixar-me-ia vagar soturno
O amor viesse, desabrido, resgatar-me coração, corpo e mente.

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