segunda-feira, fevereiro 19, 2007

TEMPOS DE CÓLICA


Caminhante neste tempo ocioso
olhar fixado, devoção demente
eterno tempo à se perder no firmamento
irrenovado, mais que sempre, recorrente.

Cruzando sendas, então, estreito os passos
em calçadas de antanho, já traçadas
à simular pistas novas, ilusões de veracidade
forças vitais de um amor, de certo, ocluso.

Inescrutável ardor, inútil/fútil vaidade
condenação virgiliana ao inferno tenebroso
de um desencontro de todo inexplicável.

Longas calçadas com furinhos no cimento
cobertas de inservíveis frutos diminutos.

Levam para onde ?

Para o nada, ali, mais adiante
nesta cidade de horizonte enganador.

Para onde me levam estes meus passos dúbios?
Passos miúdos, de meu filho, para onde?
Para onde o cavalinho de brinquedo
e a esperança imotivada de criança?

Amor e tristeza são presenças pressentidas
na letargia magnífica deste fracasso insuportavel.
Como explicar, mais que entender, perdidos passos?
E este nunca entronizado em nossas vidas?

Mas, como dói, como dói, esta cólica incurável.

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